Nesta época chamada de Natal confesso que lá no bairro nem nos lembrávamos que existia a festa. Talvez por estar proibida a coca-cola na capital do império, o pai natal no nosso Huambo era como nós queríamos, ou quase. Não havia o homem das barbas brancas vestido de vermelho a dizer hô...hô...hô, porque o calor era mais que muito, não havia renas, nem chaminés para o kota entrar. Então como faziamos para ter as recordações de um período que era universal, ou quase. O CFB resolvia o problema com uma festa de todos em que oferecia brinquedos aos filhos dos funcionários. Juntávamo-nos no Ferrovia e alguém distribuia presentes aos kandengues. Um dos que sempre me ficou na memória foi um barco de latão com corda, a que chamava gasolino, era masculino, e que deslizava pela banheira do meu encantamento. Então logo sonhava em ser marinheiro de ilusões, solidário dos mares e feitor de viagens em que aportava outros portos e outros mundos.
Esse ainda há pouco tempo fazia parte dos brinquedos que não estraguei. E era assim que fazíamos para "fingir" que havia Natal na nossa cidade. O meu Huambo tinha muito mais interesse que o Natal que era do asfalto e não o Natal de todos. Nunca mais chegava o tempo de irmos para o liceu!