domingo, 12 de dezembro de 2010

RUACANÁ

Talvez porque hoje é domingo e domingo à tarde as recordações na minha cabeça viraram-se para o cinema. Desde puto, muito cedo, eu e a malta lá do bairro juntávamos os tostões que nos davam e aos domingos corríamos a ver o cinema, matinés diziam eles, do outro lado do bairro, no Ruacaná. Atravessar a linha e em bandos de siripipis aí íamos nós. Foi lá que descobrimos que para além dos bons e dos maus ainda havia os vilões, nos apaixonamos por Catherine Deneuve, Liv Hulmann e até, quem diria, Annie Girardot. Sim porque ela nos disse que nós não bebíamos, não fumávamos (nhéu!!!), mas... talvez o primeiro beijo tivesse acontecido no Ruacaná. Por pouco me esquecia da Sophia Loren e da Romy Scheneider.
Sim mas também íamos aos filmes onde entrasse o Charles Bronson, o Jean Paul Belmondo, o Anthony Quinn, o Peter O'Toole, Marcello Mastroanni, Omar Schariff e tantos outros. Mas o que nos dava mesmo gozo eram os filmes do Cantinflas, Mário Moreno, e do Zorro. Até mesmo depois dos filmes tentávamos imitar so nosso heróis e nas brincadeiras de espada e capa muitas cabeças se abriram para além das flechadas que levávamos dos índios pois os nossos revólveres nem fulminantes tinham. Mas, dizer só, que não queríamos nada, quando as mamãs resolviam ir connosco às matinés, ver os filmes do Joselito e da Marisol. Já não éramos assim tão candengues para ver as lamechices dos madieu que eram mesmo para esquecer.
Como eram fixes as tardes de Domingo só ultrapassadas pelo futebol nos kurikutelas ou no mambroa e, quando mais velhos, pelas noites de cinema no Ferrovia. Sukuama, sangue de pacaça, te juro, eram mesmo bué estas tardes e o amor pelo cinema ficou e com saudades de voltar ao Ruacaná.

Sem comentários:

Enviar um comentário