domingo, 24 de outubro de 2010

NA ESQUINA DA LELLO

Mano, te vou contar mesmo. Os kandengues lá do bairro se levantavam cedo, mesmo muito cedo, tipo seis da matina. O liceu não podia esperar e depois de um matabicho bué de fiche, aquilo era uma correria. Uns apanhavam o machimbombo, outros íam mesmo a penantes. Não que não houvesse o passe para ir como os outros mas ir a pé era descobrir coisas sempre novas.
Ali, ainda no bairro e no triângulo da manobra das máquinas dos comboios, subíamos ao estribo da Garrat, ou da Nona e era de boleia até à estação. Depois era atravessar a linha entrar no asfalto e ala que se faz tarde. Kambo para trás, atacávamos a esquina da Lello, descíamos até à livraria Académica, rua fora até ao largo do mercado Vicente Ferreira, depois, tipo bólide bê eme dabliu, a subir onde eles desciam nas 6 horas do Huambo, corta mato até ao Bairro Académico e depois avenida principal até ao Norton de Matos. Sim muitas das vezes fazíamos greve ao Sarmento Rodrigues, a escola comercial e industrial.
Muitas das vezes lhe ficávamos na Lello a ler as últimas novidades e a ouvir os discos que não tínhamos no gira discos do bairro ou na orquestra do Ferrovia, mas nunca atrasados ao Liceu. Outras vezes, noutras correrias, lhe levávamos uma bola, quase sempre de ténis, e a viagem era sempre mais curta pois não lhe recordávamos o trajecto que tínhamos que fazer fruto das brincadeiras e dos chutos que dávamos no destino feito bola de brincar. Te gosto meu Huambo.

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