quinta-feira, 12 de agosto de 2010

ÓLEO DE FÍGADO DE BACALHAU

Uééééééééé! Nem sei porque te vou falar mesmo neste assunto. Mas apesar das más memórias te vou falar rápido pois é mesmo uma mukanda amarga e tem que ser falada a correr. Olha só, já nem me recordo se era uma vez no mês, se mais vezes, o que eu sei mesmo é que o tal milongo vinha lá de Benguela ou Lobito, já não tenho memória para dizer donde vinha, era comprado na lota do peixe pelos mais velhos e nós os kandengues tinhamos que aguentar a tomar aquela mistela. Fingíamos que não estávamos lá, mas as mamãs zelosas para que os seus filhos não ficassem raquiticos nos chamavam a plenos pulmões. Era hora de abrirmos a boca, fecharmos o nariz e duma vez só engolirmos o óleo de fígado de bacalhau. Era cá um arrepio que nem em pleno cacimbo existia. Outros corriam no capim e deixavam lá o óleo para ver se nascia bacalhau para a consoada. Bem, vos dizer só que nenhum de nós ficou com essa coisa do raquitismo e que muitos dos nossos nunca soube o que era essa coisa do bacalhau ou de ficar raquitico. Não há memória que alguém de nós tenha ido na Terra Nova buscar o bacalhau. O que nós gostávamos mesmo era do nosso Huambo.

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