quinta-feira, 23 de julho de 2009

OS DO MEU BAIRRO


Todos os dias, durante 18 anos, ouvia o som dos tam tram dos comboios que rasgavam o meu bairro. Soube adormecer ao som das vielas e dos rodados, enormes, das garrats e das nonas que o meu pai sempre conduziu com amor. O sol, lá pelas 6 horas da manhã, batia na minha janela da casa amarela, a terceira casa de quem descia a rua do meu bairro a caminho do Ferrovia vindo da rua do Comércio, e atravessava o triângulo, e eu acordava ao som dos tambores de quem sonhava com canções de (en)cantar. O leite Nido com café de Cevada mais o pão quentinho preparava~me para avançar, linha fora, a caminho do Liceu. Tinha por companhia uma lata de refrigerante que pontapeava com doçura, pensando que um dia os pontapés que faziam a lata amolgar, de dores penso eu hoje, seria a lata que me faria transbordar de utopias.
Assim começava o meu dia a caminho de uma nova vida. Hoje faço poemas ao meu e aos do meu bairro.

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